E
a história começa assim:
Vem
chegando Bruna perto de Pedro.
O
menino ajoelhado e um passarinho morto no chão.
– O
que é isso? – A menina pergunta, se ajoelha ao lado do menino.
– Não seja burra. Não tá vendo que é uma andorinha morta.
– Eu não conheço passarinho, seu mal-educado!
– Não seja burra. Não tá vendo que é uma andorinha morta.
– Eu não conheço passarinho, seu mal-educado!
Ela
fica de cara emburrada.
E
Pedro olha para a andorinha sem vida. E por alguns minutos um
silêncio.
E
Bruna curiosa como é, pergunta:
- O que aconteceu?
- O que aconteceu?
Pedro
vira o rosto para sua amiga, e responde numa cara de choro.
– Eu o matei. Matei com o meu estilingue.
– Oh! – A menina fica surpresa.
– Eu não queria que morresse. Queria assustar.
– Coitadinha…
– Eu o matei. Matei com o meu estilingue.
– Oh! – A menina fica surpresa.
– Eu não queria que morresse. Queria assustar.
– Coitadinha…
Bruna
pega a andorinha e dá um leve beijo carinhoso e coloca de volta ao
chão.
As
crianças ajoelhadas a velar o passarinho, lágrimas escorrem das
carinhas e Bruna conforta o amigo, põe seu braço no ombro dele.
E
assim velam a andorinha.
– Levamos aos nossos pais e aí fazem um buraco e a enterram. – Propôs Bruna.
– Não!
– Levamos aos nossos pais e aí fazem um buraco e a enterram. – Propôs Bruna.
– Não!
Pedro
levanta. Tinha ar decidido.
– Ela não será enterrada. Viverá de novo.
– Ela não será enterrada. Viverá de novo.
Bruna
levanta, olha com cara de boba para Pedro.
– Acho que você tá maluco. Não tem como ela viver de novo.
– Tem sim.
– Ah tá. Como, espertinho? Respiração boca a boca?
– Acho que você tá maluco. Não tem como ela viver de novo.
– Tem sim.
– Ah tá. Como, espertinho? Respiração boca a boca?
A
menina ri ironicamente, sabia que o amigo tinha o seu lado
imaginário.
– Morrerei pra ela voltar à vida.
– Quê!
– Morrerei pra ela voltar à vida.
– Quê!
E
Bruna cai no riso, deixa Pedro encabulado e furioso grita.
– Cale a boca, Bruna! Tô falando sério!
– Desculpa. Às vezes, diz cada besteira.
– Isso não é besteira, vou morrer.
– Cale a boca, Bruna! Tô falando sério!
– Desculpa. Às vezes, diz cada besteira.
– Isso não é besteira, vou morrer.
Bruna
fica séria.
– Oh…
– Morrerei e a andorinha viverá e voará para casa.
– Quem falou que dará certo?
– Dará sim. Li num livro da mamãe.
– Ah…
– E você me ajudará.
– Eu?
– Sim. É você que irá me matar com a faca.
– Oh…
– Morrerei e a andorinha viverá e voará para casa.
– Quem falou que dará certo?
– Dará sim. Li num livro da mamãe.
– Ah…
– E você me ajudará.
– Eu?
– Sim. É você que irá me matar com a faca.
Bruna
se assusta com o amigo, tem medo agora.
– Ah, não, Pedro. Para com essa maluquice, tá me assustando.
– Ah, não, Pedro. Para com essa maluquice, tá me assustando.
E
Pedro segura os braços de Bruna e sacoleja como se estivesse
fazendo-a acordar.
– Escuta Bruna, não tô brincando. Morrerei e ajudará com isso. A andorinha tem que viver novamente, entregarei minha vida pra avezinha voar outra vez. Entendeu?
E soltou-a.
– Ai.
– Escuta Bruna, não tô brincando. Morrerei e ajudará com isso. A andorinha tem que viver novamente, entregarei minha vida pra avezinha voar outra vez. Entendeu?
E soltou-a.
– Ai.
Ela
se entristece, se protege com os braços. Quer chorar, mas, engole o
choro.
– Fique aí, já volto. – Diz Pedro saindo correndo.
– Aonde vai?
– Em casa. Espere aí!
– Fique aí, já volto. – Diz Pedro saindo correndo.
– Aonde vai?
– Em casa. Espere aí!
E
Pedro foi.
Bruna
ajoelha e toca a andorinha. Mexe, cutuca e nada. Avezinha não se
move.
Pega
novamente e sopra fortemente a cabecinha da ave. Nada.
Pedro
demora a voltar.
E
quando volta traz uma faca dentro do short.
– Ai, Pedro. Faça isso não. Por favor.
– Pare de ser boba. Eu morro, mas, vivo de novo.
– Como tem certeza?
– No livro a pessoa que morreu sobrevive de novo.
– Ai, Pedro. Faça isso não. Por favor.
– Pare de ser boba. Eu morro, mas, vivo de novo.
– Como tem certeza?
– No livro a pessoa que morreu sobrevive de novo.
– Fica
tranquila.
– Agora pegue o passarinho.
– Agora pegue o passarinho.
Bruna
faz o que o amigo pede.
– Vem comigo.
– Aonde vamos?
– Pra casa da árvore. Lá ninguém entra.
– Vem comigo.
– Aonde vamos?
– Pra casa da árvore. Lá ninguém entra.
E
foram. Subiram na árvore.
– Toma.
– Toma.
Pedro
entrega a faca para Bruna que não entende.
E
ele tira a camiseta e a joga de lado.
– Aqui. Enfia a faca neste lugar.
– Aqui. Enfia a faca neste lugar.
Diz
apontando o lado do peito do coração.
– Ai, Pedro…
– Anda logo, Bruna. Para de ser chorona.
– Voltará a viver, né?
– Sim sua, boba.Não casarei com você?
– Ai, Pedro…
– Anda logo, Bruna. Para de ser chorona.
– Voltará a viver, né?
– Sim sua, boba.Não casarei com você?
Pisca
seu olho.
E
Bruna se aproxima de Pedro. Olha dentro dos olhos dele.
– Vou te ajudar.
– Vou te ajudar.
Segura
a mão que ela segura e a dirige ao lado do peito onde o coração
bate. E com o outro braço a enlaça. Deita a cabeça dela no ombro
dele e com carinho beija sua cabeça.
E
assim empurra a faca no peito.
A
menina sente. Remexe de susto.
E
Pedro dá um leve gemido de morte.
Bruna
sente o braço e a mão do amigo esmorecer, até que tomba sem vida.
E
a história termina assim:
Faz
uma hora que Pedro entregou sua vida para andorinha reviver.
E Bruna sentada espera o amigo e a ave.
E Bruna sentada espera o amigo e a ave.
Mas,
nada. Nenhum dos dois desperta da morte.
Bruna
chora de joelhos encolhidos e chama por seu amigo que não responde.
– Vai Pedro, acorda… Para com a brincadeira. Acorda, por favor…
– Vai Pedro, acorda… Para com a brincadeira. Acorda, por favor…
Ela
chora, infelizmente o amigo não acordará mais.
– Anda
Pedro, acorda. Tá ficando tarde, minha mãe me colocará de castigo.
Anda, levanta, vamos embora…
E
foi assim que a andorinha voou…
(Rod.Arcadia)
(Rod.Arcadia)
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