sábado, 7 de setembro de 2013

Aquela Menina






Aquela Menina



– Vem, tá esperando o quê?

Lá foi correr pra entrar na água. Noite, calor, praia, combinação perfeita pra refrescar. Arranca a roupa, lança os pertences no ar que cai na areia fofa.

Mergulha. Sereia, nada lindamente, filha do mar e das águas. Linda. Conheci na festa, festa de amigos, pequenos olhares, gestos, oi, convite pra dançar, a banda ajudando, corpos colados, respiração, o perfume caro, cabelo claro no ombro, olhar castanho, combinava com minha altura, me encontrava na nuvem.

Dançamos bastante, pernas cansadas, belo casal insinuou alguém, as invejosas dando parabéns, a festa continuava, quero sair, um lugar sozinho com você. Puxou a mão, levou-me da festa, nem despedimos, vimos olhares dos convidados, esse se dará bem. Vaca! Corremos, me raptou, pra onde? Pergunto. Surpresa. Ri, riso de sapeca, menina sapeca, não sei seu nome, não precisa, não quero saber do seu. Gosto assim, ar de mistério.

Sento na areia, vigiando-a, fascinado, quem seria? Menina maluca. Sai da água, vem correndo, pula de corpo molhado, com força me faz deitar, dominadora, estou preso nela. Beijamos, demorado beijo, mordidas nos lábios, carícias, momento bom, tão bom que eu não desejo que termine. Mas era real, sem dúvida era. Amo você. Mentira, hoje que me conheceu e tá apaixonado? Quem não é vítima da paixão? Eu não sou. Sai de cima, senta do lado, tem cigarro? Não, não fumo. Nem eu. Então por que pediu? Deu vontade, não posso ter vontade? Pode sim. Não estou discutindo. Bonitinho... Beija meu rosto com carinho. Vamos, perigoso ficar aqui. Não! Me segura. Surpreso, não entendo.

Não posso. Entenda. Não posso ir com você. Não entendo. Entenderá. Pega minha mão, dá um longo beijo, coloca no seu rosto e acaricia. Pele macia, sem manchas e cicatrizes. O rosto fecha. Triste. Falei alguma coisa errada? Esquece, não tem culpa, sou eu, eu que tenho culpa. Do quê? Logo saberá. Casada? De espanto ri, ri bastante, gostosamente, livre, ri até a barriga doer. Depois volta a tocar meu rosto. Tão belo e novinho... Mas tenho que ir. Levo-te pra casa. Não tenho casa, não preciso de morada. O quê? Verdade? Pura verdade. Mora nas ruas? Não. Agora sem perguntas. Puxa minha cabeça, nossas bocas se encontram. Outro beijo. O último, depois, não sei o que vai ser.

Você me fez feliz. Não esquecerei. Adeus, meu amor...

Abre a boca e mariposas saindo, desmancha o rosto, o corpo desmancha em mariposas violetas, o corpo da menina em mariposas voando no infinito, pra nunca mais encontrá-la.

(Rod.Arcadia)




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