Aquela
Menina
–
Vem,
tá esperando o quê?
Lá
foi correr pra entrar na água. Noite, calor, praia, combinação
perfeita pra refrescar. Arranca a roupa, lança os pertences no ar
que cai na areia fofa.
Mergulha.
Sereia, nada lindamente, filha do mar e das águas. Linda. Conheci na
festa, festa de amigos, pequenos olhares, gestos, oi, convite pra
dançar, a banda ajudando, corpos colados, respiração, o perfume
caro, cabelo claro no ombro, olhar castanho, combinava com minha
altura, me encontrava na nuvem.
Dançamos
bastante, pernas cansadas, belo casal insinuou alguém, as invejosas
dando parabéns, a festa continuava, quero sair, um lugar sozinho com
você. Puxou a mão, levou-me da festa, nem despedimos, vimos olhares
dos convidados, esse se dará bem. Vaca! Corremos, me raptou, pra
onde? Pergunto. Surpresa. Ri, riso de sapeca, menina sapeca, não sei
seu nome, não precisa, não quero saber do seu. Gosto assim, ar de
mistério.
Sento
na areia, vigiando-a, fascinado, quem seria? Menina maluca. Sai da
água, vem correndo, pula de corpo molhado, com força me faz deitar,
dominadora, estou preso nela. Beijamos, demorado beijo, mordidas nos
lábios, carícias, momento bom, tão bom que eu não desejo que
termine. Mas era real, sem dúvida era. Amo você. Mentira, hoje que
me conheceu e tá apaixonado? Quem não é vítima da paixão? Eu não
sou. Sai de cima, senta do lado, tem cigarro? Não, não fumo. Nem
eu. Então por que pediu? Deu vontade, não posso ter vontade? Pode
sim. Não estou discutindo. Bonitinho... Beija meu rosto com carinho.
Vamos, perigoso ficar aqui. Não! Me segura. Surpreso, não entendo.
Não
posso. Entenda. Não posso ir com você. Não entendo. Entenderá.
Pega minha mão, dá um longo beijo, coloca no seu rosto e acaricia.
Pele macia, sem manchas e cicatrizes. O rosto fecha. Triste. Falei
alguma coisa errada? Esquece, não tem culpa, sou eu, eu que tenho
culpa. Do quê? Logo saberá. Casada? De espanto ri, ri bastante,
gostosamente, livre, ri até a barriga doer. Depois volta a tocar meu
rosto. Tão belo e novinho... Mas tenho que ir. Levo-te pra casa. Não
tenho casa, não preciso de morada. O quê? Verdade? Pura verdade.
Mora nas ruas? Não. Agora sem perguntas. Puxa minha cabeça, nossas
bocas se encontram. Outro beijo. O último, depois, não sei o que
vai ser.
Você
me fez feliz. Não esquecerei. Adeus, meu amor...
Abre
a boca e mariposas saindo, desmancha o rosto, o corpo desmancha em
mariposas violetas, o corpo da menina em mariposas voando no
infinito, pra nunca mais encontrá-la.
(Rod.Arcadia)
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